Estudo da Mayo Clinic revela que terapia por feixe de prótons pode encurtar o tratamento de câncer de mama
Kelley Luckstein, Comunicações da Mayo Clinic
ROCHESTER, Minnesota — Em um ensaio aleatório, publicado na revista The Lancet Oncology, os pesquisadores do Centro de Câncer da Mayo Clinic revelaram evidências que respaldam um menor período de tratamento para pacientes com câncer de mama. O estudo comparou dois cronogramas de dosagem distintos de terapia de prótons com varredura de feixe de lápis, o mais avançado tipo de terapia de prótons, conhecido por sua precisão em atingir as células cancerígenas enquanto preserva o tecido saudável para reduzir os riscos de efeitos colaterais.
As taxas de sobrevida para câncer de mama continuam melhorando graças aos avanços no diagnóstico e tratamento, o que leva ao aumento na ênfase na redução da toxicidade de longo prazo do tratamento de câncer, inclusive a radioterapia.
Antes deste estudo, todas as pacientes submetidas ao tratamento com radioterapia de prótons pós-mastectomia tinham recebido um tratamento convencional de 25 a 30 dias de duração, administrado cinco dias por semana, ao longo de cinco ou seis semanas. Os pesquisadores pretendiam demonstrar que a redução do ciclo da terapia por feixe de prótons, um tipo de terapia por partículas projetado para minimizar os danos da radiação ao coração e aos pulmões, pode produzir um conjunto similar de efeitos colaterais.
Oitenta e duas pacientes com indicações de tratamento com radioterapia de prótons pós-mastectomia, sendo que muitas delas tinham feito previamente a reconstrução mamária, foram aleatorizadas para o fracionamento convencional (frações de dose de radiação) administrado por 25 dias ou a um cronograma hipofracionado condensado por 15 dias. Com o hipofracionamento, uma dose maior de radioterapia é administrada para cada paciente, e isso permite que toda a radioterapia seja concluída em apenas três semanas. Os investigadores descobriram que ambas as terapias, a de prótons convencional e a hipofracionada, resultaram em um controle excelente do câncer sem afetar o tecido normal circundante. Além disso, as taxas de complicação foram comparadas entre os dois grupos de estudo.
“O estudo fornece os primeiros dados prospectivos que respaldam o uso do tratamento com radioterapia de prótons pós-mastectomia com ciclos de prótons mais curtos, inclusive em pacientes com reconstrução mamária imediata, e os primeiros resultados maduros de um ensaio aleatorizado no campo da terapia de partícula mamária”, explica o Dr. Robert Mutter, radio-oncologista e médico-cientista no Centro de Câncer da Mayo Clinic. “Agora, podemos considerar a opção de 15 dias de terapia com as pacientes em função dos resultados de tratamento semelhantes e observados no ciclo convencional maior. Cabe observar que o ciclo mais curto resultou de fato na redução de efeitos colaterais na pele durante e depois do tratamento.”
É importante ressaltar que os pesquisadores observaram que o novo cronograma alivia os pacientes de inconvenientes, despesas e outras dificuldades adicionais associadas com o regime mais longo. Como existe um número limitado dos locais que oferecem terapia de prótons nos Estados Unidos e no mundo, o Dr. Mutter acrescenta que a demonstração da segurança e viabilidade do transcurso mais curto do tratamento poderia resultar em maior acesso para a tecnologia por feixe de prótons para os casos mais difíceis de tratamento de câncer de mama.
Os pesquisadores afirmam que é recomendável haver investigação complementar quanto à dose e fracionamento ideias para o tratamento com radioterapia de prótons pós-mastectomia. A equipe planeja fazer pesquisa complementar e investigar a administração do tratamento com radioterapia de prótons pós-mastectomia em apenas cinco dias.
“Basicamente, nosso objetivo é personalizar a radioterapia de acordo com a biologia do tumor”, explica o Dr. Mutter. “Queremos identificar os melhores cronogramas possíveis de radioterapia ou combinações de radioterapia e remédios para eliminar o câncer e minimizar ao mesmo tempo os efeitos colaterais.”
A pesquisa foi financiada com as subvenções do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, Mayo Clinic e uma doação de Lawrence e Marilyn Matteson. Leia o artigo publicado para verificar a lista completa das fontes de financiamento, autores e conflitos de interesse.
A Mayo Clinic está expandindo os serviços de terapia por feixe de prótons em Rochester, Minnesota, com um projeto de expansão de instalações avaliado em 200 milhões de dólares, cuja inauguração é aguardada para 2027. A Mayo Clinic abriu sua primeira instalação de prótons em Minnesota em 2015. Em 2016, a Mayo Clinic abriu a primeira instalação de terapia de prótons do sudoeste em sua sede do Arizona. Atualmente, a construção de um novo estabelecimento oncológico integrado, com 18.580 metros quadrados, está em andamento na sede da Mayo Clinic, na Flórida, onde a terapia de feixe de prótons será entregue para pacientes, assim que estiver disponível em 2026. A instalação também viabilizará para os pesquisadores da Mayo Clinic o estudo da terapia com íons de carbono em ensaios clínicos como um possível tratamento.
Sobre o Centro de Câncer da Mayo Clinic
Designado como um centro de câncer abrangente pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA, o Centro de Câncer da Mayo Clinic está definindo novos limites de possibilidades, focando em assistência centrada no paciente, desenvolvimento de novos tratamentos, treinamento das futuras gerações de especialistas em câncer e em trazer a pesquisa do câncer para as comunidades. No Centro de Câncer da Mayo Clinic, uma cultura de inovação e colaboração está impulsionando avanços importantes em pesquisa que estão mudando as abordagens de prevenção, rastreamento e tratamento do câncer, além de melhorar a vida dos sobreviventes da doença.
Sobre a Mayo Clinic
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