Crianças no Brasil estão mais obesas: perspectivas para a vida adulta
Por: Monica Kulcsar – MK Comunicação
Maior estudo já realizado no país revelou aumento do sobrepeso e obesidade entre crianças de 3 a 10 anos de idade. As projeções para o futuro são graves e merecem atenção.
Pesquisa da Fiocruz, em parceria com UFMG e University College London, observou mais de 5 milhões de crianças de 3 a 10 anos. Dados foram publicados em revista referência em saúde.
As crianças no Brasil estão mais obesas, segundo pesquisa que analisou mais de 5 milhões de crianças de 3 a 10 anos ao longo de 13 anos. Foi o primeiro estudo a analisar o peso e a altura de crianças em uma trajetória de tempo e com um grupo tão extenso no Brasil. O resultado foi publicado na semana passada na The Lancet Regional Health – Americas (vol. 32, abril 2024), revista referência na área de saúde.
No caso da obesidade, o aumento da prevalência passou de 11,1% para 13,8% entre os meninos e de 9,1% para 11,2% entre as meninas.
A prevalência da obesidade reabre a discussão sobre o padrão da dieta das crianças, como o aumento do consumo de ultraprocessados, e do comportamento, com o sedentarismo.
O que esperar para o futuro destas crianças?
A obesidade infantil é um problema de saúde pública global com graves consequências para a saúde e longevidade na vida adulta. Segundo o Dr. Daniel Lerario, médico endocrinologista, mestre e doutor pela Escola Paulista de Medicina, crianças obesas têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto do miocárdio, AVC, além de diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, doenças respiratórias: asma, apneia do sono, entre muitas outras.
“Ter pais obesos aumenta o risco da obesidade, mas hábitos alimentares e o sedentarismo são determinantes para que estejamos observando resultados como este do estudo da Fiocruz”, alerta.
Para a vida adulta, caso não haja mudanças substanciais na rotina destas crianças, podemos esperar diminuição da expectativa de vida, surgimento de doenças crônicas associadas à obesidade e prejuízos na qualidade de vida, com limitação da capacidade de realizar suas atividades diárias cada vez mais precoce.
Podemos reverter esta situação?
O Dr. Daniel explica que promover uma alimentação saudável, oferecendo frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, substituindo alimentos calóricos e processados e evitando refrigerantes, doces, salgadinhos e fast food são a primeira medida.
“Também incentivar a atividade física. Uma criança em idade escolar deve ter pelo menos 60 minutos de atividade física moderada-intensa por dia. Para completar, manter um ambiente familiar saudável, oferecendo aos filhos exemplos de hábitos saudáveis”.
Para conferir o estudo completo, acesse https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2667193X24000486