Benzeno em refrigerantes
Por: Departamento de Imprensa do IPT
Um vídeo que viralizou nas últimas semanas discute a possibilidade de formação de benzeno quando da mistura de refrigerante com rodelas de limão ou laranja, “principalmente do tipo cola”, segundo a autora.
A alegação é de que o contato do benzoato de cálcio, utilizado como conservante, e o ácido ascórbico (vitamina C), presente nas frutas produz uma “alteração química” (o nome correto é reação), gerando benzeno que é altamente tóxico e carcinogênico, o que pode resultar em anemias, leucemia e outros tipos de câncer.
O risco dessa reação realmente existe, mas não nas condições em que tomamos refrigerante do tipo cola ou qualquer outro. O risco maior de formação de benzeno se dá nas condições e tempo de armazenamento do produto antes do consumo, como a exposição ao calor ou luz ultravioleta por muito tempo.
Além disso a presença de alguns íons metálicos também pode catalisar (favorecer) essa reação. Nesses casos, a quantidade de benzeno formada pode superar o valor máximo permitido em legislação (5 ppb nos EUA e Canadá, 10 ppb pela OMS), mas dificilmente chegará a concentrações alarmantes, pois o teor de ácido ascórbico e do conservante não são consideráveis.
Mesmo as frutas cítricas não contêm ácido ascórbico em quantidade suficiente para que isso ocorra (lembrando que ainda é preciso o calor, luz e tempo para a reação se concretizar).
Apesar de não passar uma informação errada sobre o risco de formação de benzeno, o vídeo é alarmista.
Diversos estudos conduzidos nos Estados unidos, Europa e até mesmo no Brasil investigaram a presença de benzeno em refrigerantes e outras bebidas contendo ácido ascórbico e sais de ácido benzoico.
Embora parte das amostras exibiram teores acima do permitido, uma avaliação de risco mostra que é muito baixa a probabilidade de desenvolvimento desses tipos de doença somente pela ingestão dessas bebidas.
Existem outros riscos associados ao consumo de bebidas industrializadas, como desenvolvimento de diabetes, que são muito mais preocupantes do ponto de vista da saúde pública.